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Padre Diocesano, luz da Santa Igreja.

Posted by Luiz Fernando Vieira



     “Seja o pastor discreto no silêncio, útil na fala, para não falar o que deve calar, nem calar o que deve dizer. Pois da mesma forma que uma palavra inconsiderada arrasta ao erro, o silêncio inoportuno deixa no erro aqueles a quem poderia instruir.” Assim diz São Gregório Magno, na sua Regra Pastoral.
     Todo sacerdote é capaz de encontrar na Sagrada Escritura, a doutrina necessária para anunciar o Cristo, sacerdote preparado é aquele que ama a Palavra de Deus e ante de estuda-la, faz da mesma sua oração preferida. Assim diz São Paulo: “Que seja poderoso para exortar na sã doutrina e para convencer os contraditores” (Tt 1, 9) e o profeta Malaquias também diz: “Guardem os lábios do sacerdote a ciência; e esperem de sua boca a lei, porque é um mensageiro do Senhor” (Ml 2, 7).
     O grande Papa Gregório Magno, foi um autêntico profeta do seu tempo, que reluz na vida pastoral da Igreja de forma eficaz, ativa e consciente. Ele diz que um sacerdote tem por ofício ser um arauto. Portanto, contemplando a firmeza e a verdade de suas palavras, podemos encontrar em toda a Igreja, homens que, mediante o esforço pessoal e a graça incondicional de Deus, anunciam sem cessar o Reino de Deus, como diz o Salmo 114: “Vossos amigos, ó Senhor, anunciam vosso Reino Glorioso, narrem a glória e o esplendor do vosso Reino e saibam proclamar vosso poder, para espalhar vossos prodígios entre os homens”.
     Dessa forma, é justo quando a Igreja recorda seus insignes pastores, que deram a vida pelo rebanho, seguindo os passos de Cristo. Hoje, a Igreja presta culto e homenagem, ao glorioso São João de Ávila, novo sacerdote Doutor da Igreja.
    O Padre João de Ávila, nascido em 1500, foi um sacerdote diocesano espanhol. Seus pais possuíam ascendência judia e eram nobres mineradores. Estudou Direito em Salamanca, mas sentindo o chamado a uma vida de oração, abandonou os estudos e retirou-se para Almodóvar, onde viveu piedosamente em penitência.
     Depois, aos 20 anos, estudou Artes e Teologia em Alcalá, ordenou-se sacerdote aos 26 anos e celebrou sua primeira missa em sufrágio da alma de seus pais, que já haviam falecidos. Como havia abraçado o sacerdócio, vendeu toda a sua herança e distribuiu entre os pobres, assim iniciou sua evangelização no povoado em que nasceu.
     Com apenas um ano de sacerdócio, desejou muito ser missionário na América, mas a necessidade de padres na Espanha era grande e o arcebispo conseguiu dissuadi-lo. Apaixonado pela Sagrada Escritura, escreveu muitos comentários sobre os mais variados livros da Bíblia, porém, o comentário feito do Salmo 44, teve um sucesso em toda a Espanha, por possuir um caráter verdadeiramente ascético, que impressionou inclusive o Rei espanhol Filipe II. O Arcebispo de Toledo, disse sobre este comentário: “O comentário de Padre João converteu mais almas do que o numero de letras que ela continha”. Assim, este opúsculo marcou positivamente sua literatura ascética posterior e o projetou de tal modo que não há autor religioso do século XVI tão consultado como João de Ávila.
     São João de Ávila foi o examinador dos livros de Santa Teresa de Ávila, relacionou-se com frequência com Santo Inácio de Loyola e os membros da Companhia de Jesus, que muito se esforçaram para leva-lo à sua Ordem, mas não o convencendo, pois tinham dentro de si, a convicção a que fora chamado. Também conviveu e relacionou-se com São Francisco de Borja, São Pedro de Alcântara e São João de Ribera.
Devido a sua enorme ascendência como pregador, provocou inveja entre o clero e assim, foi denunciado à Inquisição, foi perseguido, encarcerado e esteve sob processo eclesiástico, porém, absolvido por unanimidade.
     Sua pregação era de uma magnitude tão grande e de força notória, que suas palavras converteram o Duque de Gandía, que viria a ser o futuro São Francisco de Borja, assim como também, sua pregação converteu o soldado Juan Ciudad, hoje São João de Deus.
     Em 1554 ficou muito doente e em 1569 faleceu. Foi canonizado em 1970 pelo Papa Paulo VI, hoje faz parte dos trinta e quatro doutores da Igreja Católica.
     Suas obras foram alvo de estudo de muitos teólogos, inclusive do próprio Papa Bento XVI. Pregador exímio e escritor ascético, além do comentário sobre o salmo 44, escreveu o Epistolário espiritual para todos os estados, uma diversidade de cartas, compôs um livro sobre o Santíssimo Sacramento, outro sobre O Conhecimento de Si mesmo e o Contemptus mundo nuevamente romançado. Os seus famosos Sermões se perderam quase todos.
     Sua doutrina sobre o sacerdócio chama-se Tratado sobre o sacerdócio, o qual discorre sobre a sacralidade do sacramento da ordem. Outras obras são: Comentários sobre à carta aos Gálatas, A Doutrina Cristã e As Duas práticas para sacerdotes.
     Assim ele escreve ao comentar o salmo 44: “Ainda que não houvesse inferno para ameaçar, nem paraíso para convidar, nem mandamento para obrigar, o justo faria o que faz pelo amor de Deus somente.” (Audi filia, cap. L).

                            São João de Ávila, presbítero e Doutor da Igreja, rogai por nós!

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