Padre Diocesano, luz da Santa Igreja.
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“Seja o pastor discreto no
silêncio, útil na fala, para não falar o que deve calar, nem calar o que deve
dizer. Pois da mesma forma que uma palavra inconsiderada arrasta ao erro, o
silêncio inoportuno deixa no erro aqueles a quem poderia instruir.” Assim diz
São Gregório Magno, na sua Regra Pastoral.
Todo sacerdote é capaz de
encontrar na Sagrada Escritura, a doutrina necessária para anunciar o Cristo,
sacerdote preparado é aquele que ama a Palavra de Deus e ante de estuda-la, faz
da mesma sua oração preferida. Assim diz São Paulo: “Que seja poderoso para
exortar na sã doutrina e para convencer os contraditores” (Tt 1, 9) e o profeta
Malaquias também diz: “Guardem os lábios do sacerdote a ciência; e esperem de
sua boca a lei, porque é um mensageiro do Senhor” (Ml 2, 7).
O grande Papa Gregório Magno, foi
um autêntico profeta do seu tempo, que reluz na vida pastoral da Igreja de
forma eficaz, ativa e consciente. Ele diz que um sacerdote tem por ofício ser
um arauto. Portanto, contemplando a firmeza e a verdade de suas palavras,
podemos encontrar em toda a Igreja, homens que, mediante o esforço pessoal e a
graça incondicional de Deus, anunciam sem cessar o Reino de Deus, como diz o
Salmo 114: “Vossos amigos, ó Senhor, anunciam vosso Reino Glorioso, narrem a
glória e o esplendor do vosso Reino e saibam proclamar vosso poder, para
espalhar vossos prodígios entre os homens”.
Dessa forma, é justo quando a
Igreja recorda seus insignes pastores, que deram a vida pelo rebanho, seguindo
os passos de Cristo. Hoje, a Igreja presta culto e homenagem, ao glorioso São
João de Ávila, novo sacerdote Doutor da Igreja.
O Padre João de Ávila, nascido em
1500, foi um sacerdote diocesano espanhol. Seus pais possuíam ascendência judia
e eram nobres mineradores. Estudou Direito em Salamanca, mas sentindo o chamado
a uma vida de oração, abandonou os estudos e retirou-se para Almodóvar, onde
viveu piedosamente em penitência.
Depois, aos 20 anos, estudou
Artes e Teologia em Alcalá, ordenou-se sacerdote aos 26 anos e celebrou sua
primeira missa em sufrágio da alma de seus pais, que já haviam falecidos. Como
havia abraçado o sacerdócio, vendeu toda a sua herança e distribuiu entre os
pobres, assim iniciou sua evangelização no povoado em que nasceu.
Com apenas um ano de sacerdócio,
desejou muito ser missionário na América, mas a necessidade de padres na
Espanha era grande e o arcebispo conseguiu dissuadi-lo. Apaixonado pela Sagrada
Escritura, escreveu muitos comentários sobre os mais variados livros da Bíblia,
porém, o comentário feito do Salmo 44, teve um sucesso em toda a Espanha, por
possuir um caráter verdadeiramente ascético, que impressionou inclusive o Rei
espanhol Filipe II. O Arcebispo de Toledo, disse sobre este comentário: “O
comentário de Padre João converteu mais almas do que o numero de letras que ela
continha”. Assim, este opúsculo marcou positivamente sua literatura ascética
posterior e o projetou de tal modo que não há autor religioso do século XVI tão
consultado como João de Ávila.
São João de Ávila foi o
examinador dos livros de Santa Teresa de Ávila, relacionou-se com frequência com
Santo Inácio de Loyola e os membros da Companhia de Jesus, que muito se
esforçaram para leva-lo à sua Ordem, mas não o convencendo, pois tinham dentro
de si, a convicção a que fora chamado. Também conviveu e relacionou-se com São
Francisco de Borja, São Pedro de Alcântara e São João de Ribera.
Devido a sua enorme ascendência como
pregador, provocou inveja entre o clero e assim, foi denunciado à Inquisição,
foi perseguido, encarcerado e esteve sob processo eclesiástico, porém,
absolvido por unanimidade.
Sua pregação era de uma magnitude
tão grande e de força notória, que suas palavras converteram o Duque de Gandía,
que viria a ser o futuro São Francisco de Borja, assim como também, sua
pregação converteu o soldado Juan Ciudad, hoje São João de Deus.
Em 1554 ficou muito doente e em
1569 faleceu. Foi canonizado em 1970 pelo Papa Paulo VI, hoje faz parte dos
trinta e quatro doutores da Igreja Católica.
Suas obras foram alvo de estudo
de muitos teólogos, inclusive do próprio Papa Bento XVI. Pregador exímio e
escritor ascético, além do comentário sobre o salmo 44, escreveu o Epistolário espiritual para todos os estados,
uma diversidade de cartas, compôs um livro sobre o Santíssimo Sacramento, outro sobre O Conhecimento de Si mesmo e o Contemptus
mundo nuevamente romançado. Os seus famosos Sermões se perderam quase todos.
Sua doutrina sobre o sacerdócio
chama-se Tratado sobre o sacerdócio,
o qual discorre sobre a sacralidade do sacramento da ordem. Outras obras são: Comentários sobre à carta aos Gálatas, A
Doutrina Cristã e As Duas práticas para sacerdotes.
Assim ele escreve ao comentar o
salmo 44: “Ainda que não houvesse inferno
para ameaçar, nem paraíso para convidar, nem mandamento para obrigar, o justo
faria o que faz pelo amor de Deus somente.” (Audi filia, cap. L).
São João de Ávila, presbítero e
Doutor da Igreja, rogai por nós!
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